domingo, 5 de janeiro de 2014

Minha filha, nossa escritora

ARACATI – ESTIVE LÁ APENAS UMA VEZ… E JAMAIS ESQUECI.

Era novembro de 2008. Meus avós estavam completando 50 anos de casados e nós saímos do Rio Grande do Sul e fomos até Fortaleza, no Ceará para comemorar com eles. Já haviam se passado sete anos desde a última vez que eu tinha visto a família do meu pai.
Há 142 km da capital cearense fica a cidade de Aracati, sertão do Ceará, às margens da Lagoa de Santa Teresa. Meu avô, seu Josias Teobaldo, fez um pedido especial naquelas bodas de ouro: queria que toda família, filhos, netos, genros e noras fossem conhecer o sertão onde ele nasceu, e assim aconteceu.
Fazia muito calor naquele dia; não tenho certeza, mas acho que era um sábado. Acordamos antes do sol nascer e pegamos a estrada rumo a Aracati. Depois de mais de duas horas de viagem, comecei a avistar aquele chão batido, casas de barro, algumas árvores sem folhas e jegues pelas ruas, muitos jegues. Estávamos no interior do interior do Ceará.
Shallom_AracatiChegamos então ao lugar onde passaríamos o dia: uma pequenapousada no meio daquela terra vermelha. Fomos tomar café e, como é de costume dos nordestinos, pelo menos dos membros da minha família, a mesa era farta, muitas frutas, sucos, cuscuz e claro, a tradicional tapioca.
O mais incrível era que, quando eu olhava para um lado, enxergava um lugar seco e sem vida; quando olhava para o outro, a paisagem era estonteante, a Lagoa de Santa Teresa é enorme e aquele calor convidava para um banho. Eu e meus primos, como boas crianças que éramos, fomos logo para dentro d’água, jogamos bola, rimos, nos divertimos e, por fim, o cansaço me venceu. Deitei na rede e no fim do dia, quando acordei, o mais bonito de se ver era o sorriso no rosto do meu avô, por nos ver todos juntos, por voltar as suas raízes, por estarmos ali vivendo junto com ele aquele momento.
Não sei se um dia voltarei a visitar o Aracati, mas nunca me esquecerei do que eu vi lá: alguns rostos enrugados sentados em suas cadeiras na frente de casas de barro sem nenhuma ventilação, crianças brincando com os jegues sem chinelos nos pés e sorrisos, lindos sorrisos. Além das pessoas, a natureza sorriu pra nós naquele dia.
Em outubro desse ano meu avô completou 80 anos. Eu não pude estar lá para abraçá-lo, afinal, mais de 4.100 km nos separam, mas não diminuem nosso amor. Esta lembrança é para ele. Para dizer que eu o amo.

História compartilhada pela Storyteller Shállon Teobaldo.

Storyteller_ShallonShállon Hadassa do Nascimento Teobaldo, 19 anos, nasceu em Porto Alegre mas já se mudou mais de doze vezes, uma vida meio nômade, com isso aprendeu a gostar de conhecer novos lugares e viajar Brasil a fora. Estudante de jornalismo no UniRitter, apaixonada pela profissão, amante dos animais, dançarina e musicista desde criança, fascinada pelo universo literário, curiosa nata, mas, acima de tudo apaixonada por Deus, pela família, as pessoas e suas histórias.
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