domingo, 13 de dezembro de 2009

DESÂNIMO OU DEZ ÂNIMOS!!!

II Cor. 4.8
" Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;"

A palavra ânimo quer dizer coragem, força, disposição de espírito; a palavra animar quer dizer dar vida, dar ânimo, tornar vivo. Portanto algo que tem vida em si é algo que está animado.
Já o desânimo é o contrário: é sem vida, inanimado, parado, sem coragem, sem força, sem disposição de espírito, morocoxô.
Às vezes nos sentimos muito animados, estamos contentes, as coisas estão fluindo, parece que tudo está dando certo, tudo o que colocamos a mão prospera, rende. Outras vezes nos sentimos como que somos obrigados a nos arrastar, continuarmos vivos, mas a força motivdora dentro de nós acabou... parece que a pilha acabou ou a luz apagou, sumiu toda nossa disposição de espírito. E neste momento sabemos que precisamos continuar existindo, continuar fazendo. Mas nada flui, parece que tudo dá errado, parece que o azarão nos atingiu em cheio! Nada rende, nada prospera, estamos tristes, nos sentimos solitários, sem força, sem energia, e quase sem fé.
Há pouco tempo passei por um período assim. E num dia de sábado fui à cidade comprar um calçado para minha filhinha menor. Cheguei em casa o calçado não serviu, embora tinha levado o número exato e atualizado do seu pezinho.
Precisei voltar à tarde na loja para trocar o tal calçado. Troquei. O dia estava muito quente, eu estava muito cansada. Fui pegar o ônibus que demorou muito para chegar. Quando veio estava super-super lotado, não tinha espaço para respirar dentro dele, mas entrei, porque era melhor do que esperar mais um tanto naquele calor. No meu coração eu reclamava por não ter um carro, por a vida ser tão difícil, criança pequena pra cuidar, casa pra limpar, compras pra fazer, igreja pra atender... Tantas coisas! E sem carro!
Quando desci do ônibus percebi que uma senhora muito idosa desceu também. Eu rapidamente atravessei a rodovia e de repente ela estava do meu lado. Enquanto ainda no meu íntimo reclamava da situação e acrescentava lamentos por ter de andar ainda três quadras para chegar em casa, de súbito ouvi uma voz:
- Tá quente o sol, né?
Aquela senhora do meu lado tentando um diálogo. Não respondi em voz alta, mas no meu interior respondi: "O sol sempre é quente, nunca vi um sol gelado e essa 'véia chata' vem me falar de sol quente". Segurei minha "meiguice" e tentei ser simpática:
- É, está. Pra senhora é difícil andar neste sol, né?
-Que nada! Estou acostumada. Ando por tudo. Meu filho me largou na 70, daí pequei o ônibus (o lotado) e já estou aqui.
- Ãh. E a senhora mora muito longe aqui da faixa?
- Não, é logo ali... bem pertinho.
(nisto pensei: agora que estou gostando da companhia dela, vou perder porque ela mora logo aqui na primeira quadra e eu tenho que andar mais duas longas e infinddáveis quadras sozinhas!) Então ela continuou:
- Sabe o campo? Eu moro depois do campo.
Não acreditei, o logo ali dela era muito depois da minha casa!
- Eu ainda trabalho, - ela falou - faço uns bicos prá ganhar uns trocos... me viro!
Neste momento tive duas curiosidades:
- Quantos anos a senhora tem?
- 74
- Puxa! A senhora está inteiraço pra sua idade. (Quase caí dura. Eu com 42 me arrastando pelas ruas e ela com 74 quase saltitando como uma gazela!)
- Que tipo de trabalho a senhora faz?
- Eu trabalho nas casas. Faço limpeza. Tem várias casas que eu trabalho...
(Era só o que me faltava! Como pode com 74 anos ter tanto ânimo, até para limpar casas?
Nisto cheguei na minha casa, já me sentia mais animada e triste por perder minha boa e agradável companhia. Me despedi, e ela seguiu seu caminho.
Deus usou essa vovó para puxar minha orelha e me ensinar tanta coisa. Neste dia aprendi uma lição de vida. Todas as nossas dificuldades normais que passamos dependem da nossa ótica; depende de como vivenciamos.
Para mim andar de ônibus lotado era humilhante por não ter um carro; para ela era divertido! Um passeio!
Para mim o calor daquele dia de sol me levava a reclamar; para ela estava acostumada! Era só vitamina D.
Para mim andar 3 quadras era como ir na China à pé; para ela era logo ali.
Para mim cuidar da minha casa, lavar a louça, fazer compras para minha família era algo que me consumia; para ela cuidar da casa de várias famílias era um ministério.
Eu precisava dessa unção de ânimo neste dia e Deus sabia disto por isto me fez encontrar com essa doce vovó de 74 anos.

Deus abençoe
Prª Elaine Teobaldo