quarta-feira, 9 de setembro de 2009

QUEM VAI OUVIR MINHA HISTÓRIA?

Quando minha discípula Marta me convidou para ir naquele lugar, eu sabia que seria um bairro pobre, mas não imaginava que seria tanto!
Saímos da rodovia e entramos numa estrada de chão batido, já estava escurecendo, mas deu para visualizar a situação dos moradores daquele lugar. Casas (casinhas) simples de madeira. Havia algumas que se parecem mais com caixas (caixinhas) de madeira!
Estacionamos o carro bem em frente a casa onde íamos fazer a visita.
Marta cuidadosamente colocou as inúmeras travas de segurança no carro e acionou o alarme.
Fomos entrando, chamando, ninguém veio nos atender de imediato e a porta estava aberta, não escancarada pra trás, mas sem nenhuma chave ou trinco; poderíamos ter entrado e sentado na sala.
Depois ela veio nos atender. Demorou porque estava ajudando a mãe a ir no banheiro; por causa da situação de saúde não está mais podendo andar sozinha.
Ela se converteu há pouco tempo e recentemente foi ao Encontro. A casa bem pequena, estava impecável! Tudo 100% limpo e arrumado e deu pra ver que embora sendo pobres, ela tem muito bom gosto para decoração.
Fomos convidadas para ir direto ao quarto da D. Cidala, mãe da nossa nova ovelhinha. D. Cidala tem 88 anos de idade. Seu corpo está tomado de câncer. Generalizado, como os médicos dizem.
Todas as suas juntas tem câncer (por isto a dificuldade de andar sozinha). Eu brinquei com minhas discípulas dizendo que D. Cidala só não tem câncer na língua. E glória à Deus por isto! Porque ali eu sentei e ela me contou a sua história. O corpo não quer mais funcionar, mas a mente (a alma) está perfeitamente viva, ativa, funcionando! E eu fiquei ali ouvindo a sua história... Teve horas que eu senti vontade de chorar... E eu ficava imaginando quantas pessoas tem seus corpos saudáveis, funcionando perfeitamente normal, mas que já engavetaram ou enterraram a sua alma!
D. Cidala falou por duas horas direto, sem parar. E nós escutamos. Protagonista de uma história extremamente difícil, triste, de lutas, de sofrimento, de angústias, de perdas!
Mas ela está ali com seus 88 anos querendo viver! Querendo aprender! Querendo conquistar!
Vocês acreditam que ela fez os filhos colocarem um fogão no seu pequeno espaço porque ela quer cozinhar sua própria comida? Eu brinquei com minhas discípulas falando que quando eu chegar aos 88 anos a última coisa que desejaria ter no meu quarto seria um fogão!
D. Cidala se converteu há muitos anos, mas como não foi lhe ensinado a quebrar as maldições, seus filhos e netos viveram e vivem aprisionados por Satanás, infelizmente.
Mas ainda há esperança! Uma filha sua se converteu e através desta conversão fomos àquela vila, conheci D. Cidala e pude entender porque Deus a conservou com vida até agora, apesar do câncer. A imagem daquela senhora idosa e da vila onde ela vive não saiu mais da minha mente. Eu vi ali um povo como descrito em Isaías 1.5b-6

"Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo."

Dois dias depois desta visita, estando eu num seminário para mulheres em Porto Alegre, fui contemplada num sorteio tipo Esquadrão da Moda; andando pelas ruas da capital, naquele carro zerinho e vermelho, entrando no restaurante, depois nos shoppings, vestindo aquelas roupas lindas, eu ainda continuava pensando naquele povo... e Deus ministrando ao meu coração aquelas palavras de Romanos 10.14,15

"Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!"

E eu respondi ao Senhor o que eu respondi há 21 anos atrás quando ingressei no Seminário: "Eis-me aqui Senhor, envia-me a mim".
E para glória do Senhor, estamos abrindo uma célula na casa da D. Cidala. Amanhã irei lá com duas discípulas corajosas e conquistadoras que aceitaram o dasafio.

Orem por nós, orem por aquela vila - o nome da vila é Tom jobim - Periferia da periferia de Gravataí/Rs. Ore para Deus me dar um carro, pois é um lugar de difícil acesso e não passa ônibus perto. Eu preciso de um meio de transporte para pastorear as muitas almas que estão lá esperando que alguém escute suas histórias...

Um abraço,
Prª Elaine Teobaldo