quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A PATERNIDADE DE SATANÁS

Ontem comemoramos o dia dos pais; em nossa igreja Deus orientou para ministrarmos sobre a paternidade de Deus. E foi lindo! As crianças cantaram, dançaram, expressando alegria por saber que Deus é um Pai que nunca falha.Depois a prô Michelle ministrou uma palavra sobre a importância dos pais liberarem bênçãos para seus filhos e o Pr. Joaquim falou sobre os 4 tipos de paternidade:

- Paternidade de pais biológicos

- Paternidade de pais espirituais

- Paternidade de Satanás

- Paternidade de Deus

Eu não pude deixar de lembrar da minha infância e de meu pai biológico. Eu comecei a lembrar o modelo de pai que ele foi. Lembrei de como nas noites frias de inverno gaúcho meu pai levantava para checar se estávamos cobertos e aquecidos; e eu me fazia que estava dormindo, e de propósito, deixava escorregar parte do cobertor só para sentir meu pai colocando novamente em cima de mim, seu toque e carinho era tudo de bom!Lembrei de como ele nos contava histórias e pude reviver na minha memória aqueles momentos tão especiais, nós (seis crianças) à sua volta e ele contando aquelas histórias de raposas e caçadores. Ele poderia contar a mesma história todas as noites que o seu fiel público estava lá para ouvir. Lembrei de como ele nos reunia num culto doméstico; pegava sua gaita e a congregação estava formada. Como gostávamos de louvar a Deus! E como resposta de nosso louvor simples e sincero, a presença de Deus descia em nossa casa; era tanta shekinah que naquela época, numa casa simples de campo, experimentávamos unção de riso, de choro, de cair no chão... meu pai sabia nos conduzir à presença do Grande Pai.
Lembrei de como ele nos levava para "ajudá-lo" na roça. É claro que nós não trabalhávamos para ele num condenado trabalho infantil, ele simplesmente nos queria por perto e por isso nos dava aquelas tarefas de catar os matinhos dos canteiros; enquanto brincávamos de trabalhar ele ia nos ensinando os princípios de vida e de Deus.
Ele nos incentivava a fazer trabalhos com as mãos, nos ensinou a usar o serrote, o martelo e mais aquele monte de ferramentas que existia naquela caixa de marcineiro. Mas o que eu mais gostava era quando ele pegava seus livros e revistas! Que delícia! Eu queria ler todinhos! Mas eu ainda não sabia ler - demorei um pouquinho mais que meus irmãos para ir para a escola por ser a quarta filha - como eu amava os livros, dei um jeitinho de aprender a ler antes de ir para a escola. Algumas pessoas não acreditam, mas eu nunca vi meus pais brigarem; se brigavam, eu não sei como se escondiam tão bem daquelas seis crianças... eu não lembro de nenhuma vez ter experimentado um clima de tensão dentro de nossa casa. Nós éramos pobres, muito pobres, mas eu nem notava de tão feliz que eu era... até os meus nove anos.
Um dia meu pai teve uma forte dor de cabeça, e como a dor piorava, procurou os médicos; foi diagnosticado meningite. Ele passou a ficar cada vez pior; foi hospitalizado. E lembro que em um dia dos pais, o hospital deixou que todos os filhos entrassem para vê-lo. Minhas tias ajudaram a levar todos nós. Que lembrança terrível! Chovia como ontem estava chovendo aqui no Sul. Ver o meu pai prostrado naquela cama de hospital com todos aqueles aparelhos não era o que crianças gostariam de ver. Mas também meu pai gostaria de ter nos visto pela última vez... poucos dias depois fui acordada no meio da noite por alguém que eu não lembro ser um de meus irmãos ou minhas tias - "nany acorda... papai morreu!". Depois veio aquela cerimônia horrível chamada funeral, lembro que eu não quis comer nada todo aquele dia; ficava observando as pessoas chegando, minha mãe chorando, o culto, e aquela música que ficou profundamente registrada em minha mente: Mais perto quero estar, meu Deus de ti".... Depois a palavra do pastor, palavras de consolo falando que o irmão Loyr agora estava bem perto de Deus. E ali estávamos nós: uma jovem mãe viúva aos trinta anos de idade e seis crianças orfãs. Eu não somente perdi meu pai como também perdi paternidade. Com a perda de meu pai, minha mãe precisou trabalhar fora, e assim também perdi minha mãe. Ficávamos a maior parte do tempo sozinhos. E quando mamãe chegava estava muito cansada para contar histórias de raposas ou nos conduzir num culto de louvor a Deus. As alegrias da vida livre no campo foram trocadas por drásticas mudanças. Morar numa vila, pegar ônibus para ir à escola, trocar de igreja, amigos... Foi aí que eu experimentei a paternidade de Satanás. Se você nunca ouviu dizer que Satanás é um pai, vamos comigo na Bíblia, no livro de João, cápítulo 8, verso 44:
"Vós sois do Diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira."
Satanás é um pai sim, ele é o pai da mentira. Devagarinho ele foi me adotando e infiltrando suas poderosas e destruidoras mentiras.
-Deus não existe, ou se existe Ele é cruel e não te ama, pois levou seu pai.
-a igreja rouba tudo o que um adolescente precisa para ser feliz; a igreja proíbe tudo o que dá prazer.
-Você é pobre, os pobres não têm muita chance de estudar, pobre não vai pra faculdade; prá que perder tempo estudando (era o meu maior sonho estudar, mas meu novo pai conseguiu me fazer abandonar os estudos no 1º ano do ensino médio, somente depois pude voltar e concluir).
-Tua cor é horrível, olha só como você é diferente de seus irmãos, ninguém vai gostar de uma menina branca.
E dentre estas e muitas outras mentiras, meu novo pai foi me instruíndo nos seus princípios e conceitos. A Bíblia diz que o ladrão (diabo) veio para roubar, matar e destruir. E o meu novo pai, como um ladrão invadiu violentamente minha vida e me roubou muitas coisas, matou meus sonhos singelos de menina e destruiu minha dignidade. Meus irmãos agora eram os outros filhos dele que viviam debaixo dessas mentiras e assim praticavam tudo o que os levava à destruição. Meus novos irmãos me ajudaram a me adaptar a essa nova família. E eu experimentei o que é viver no inferno, sim, tendo Satanás como pai, só podia viver no inferno. Dos treze aos dezoitos anos eu experimentei e vivi debaixo da paternidade de Satanás.
Mas um dia, quando eu não aguentava mais eu lembrei do meu Grande Pai, esse Pai que o meu pai biológico me apresentou na minha primeira infância. E decidi voltar para minha verdadeira família e me entregar totalmente à sua paternidade! Por sua graça e misericórdia Ele me recebeu de volta. Me abraçou, me acolheu, trocou minhas vestes, me honrou, me levantou e somente nEle eu encontro a perfeita paternidade. Ele é um Pai que nunca falha, que me corrige em amor, que sempre me recebe de volta com seus braços de amor, me envolve, me acolhe, que me diz: "Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna". Hb 4.16
E Ele me chamou também para ser pai. Ontem no culto, debaixo daquela atmosfera de unção e graça, experimentei a alegria de ser abraçada por muitos filhos, que vinham a mim com gratidão por minha paternidade espiritual em suas vidas.
Meu pai biológico me ensinou o caminho para encontrar o Verdadeiro Pai. E Ele me ensinou como ser pai e conduzir tantos outros a encontrarem a verdadeira paternidade.



Um abraço
Prª Elaine Teobaldo